Brasil é um dos 37 países que trabalham na elaboração da norma, que visa estabelecer processos para melhorar o desempenho energético das empresas
Norma 50001: caminho para boas práticas no uso da energia - Carolina Medeiros, para o Procel Info
A energia é um dos insumos que mais impactam no orçamento de uma empresa no Brasil ou no mundo, sendo necessário, portanto, que seu uso seja gerenciado. Foi pensando nisso que 37 países, incluindo o Brasil, resolveram se unir para elaborar a ISO 50001, uma norma internacional de gestão da energia. A secretaria executiva ficou a cargo do Brasil e Estados Unidos.
O objetivo da norma, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é permitir que as organizações estabeleçam os sistemas e processos necessários para melhorar de forma contínua o desempenho energético. A norma deve conduzir a reduções nos custos, nas emissões de gases do efeito estufa e outros impactos ambientais através da gestão sistemática da energia. Para Ubirajara Rocha Meira, diretor de Tecnologia da Eletrobrás e Secretário Executivo do Procel, a norma que está em processo de elaboração é uma das ferramentas que criará um novo paradigma para o uso eficiente de energia.
Alberto Fossa, coordenador da Comissão de Estudo Especial de Gestão de Energia (ABNT/CEE-116) , disse que esse é o momento em que a sociedade brasileira pode mais interferir na elaboração de norma internacional. Os interessados poderão enviar contribuições para a comissão até o dia 31 de agosto. "Essas contribuições serão analisadas e ajudarão na formatação do voto Brasil. A próxima reunião com os países membros está marcada para novembro, em Londres", afirmou Fossa.
Segundo ele, em um primeiro momento, a ideia da ISO 50001 surgiu com foco na indústria. "Uma parte considerável da eficiência energética obtida na indústria pode ser realizada através de mudanças em como a energia é gerenciada. A forma como se gerencia a energia, às vezes, traz resultados muito melhores que a própria mudança tecnológica", comentou. No entanto, posteriormente, decidiu-se extrapolar o universo industrial, fazendo com que a norma possa ser aplicada em todas as empresas independente do tamanho ou da atividade.
"Qualquer empresa que tenha consumo de energia poderá utilizar essa norma. No futuro, as empresas que a utilizarem podem ser certificadas" , disse Fossa. Segundo ele, a norma ainda traz maior disponibilidade de suprimento de energia, já que as empresas realizarão procedimentos que economizam o insumo; melhora a competitividade das organizações; e ainda traz um impacto positivo nas mudanças climáticas.
Ele disse ainda que essa ISO 50001 não é uma norma que vai especificar valores absolutos de redução de energia. "Isso poderia criar barreiras para algumas operações. Assim, a empresa é que vai gerenciar as evoluções na gestão da energia", explicou. Para George Soares, assistente da diretoria de Tecnologia da Eletrobrás, as empresas precisam mapear o seu perfil energético para entender onde e como a energia está sendo usada, depois identificar oportunidades de melhorias, incluindo o uso de fontes alternativas ou renováveis. Para em seguida, estabelecer seus indicadores de desempenho, seus objetivos e metas com os planos de ação associados para alcançá-las. "As empresas precisam estabelecer metas, que devem ser ambiciosas, para que os funcionários se movimentem, mas ao mesmo tempo, devem ser realistas. Essas metas precisam ser específicas e mensuráveis", comentou.