Vídeo mostra o ‘correntão’ que derruba árvores em segundos em MT

No Estado onde o desmatamento disparou no mês passado, governos estadual e federal querem reduzir taxa a zero a partir de agora
Danilo Fariello, iG enviado a Sinop | 26/05/2011 07:00
No dia seguinte à derrota na votação do Código Florestal na Câmara dos Deputados, a cúpula do governo federal foi a campo verificar os esforços feitos nos últimos dias contra o desmatamento que ocorre em ritmo acelerado em Mato Grosso. Segundo agricultores e o próprio governo, o resultado da votação e a tramitação do Código, entre outros motivos, levaram a uma aceleração do desmate.
 iG acompanhou a comitiva da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e viu o estrago causado por um “correntão” em uma área de desmatamento ilegal. A ação foi resultado do gabinete de crise, criado após se perceber crescimento de um quarto do desmatamento em nove meses.
O “correntão” é um instrumento que passou a ser usado recentemente por produtores rurais na Amazônia. Trata-se de uma corrente de aço, que pesa toneladas, usada para atracar navios em grandes portos. No campo, elas são puxadas por dois tratores, um de cada lado, para acelerar o desmatamento.
“Do ‘correntão’ não escapa nada, nem fauna, nem árvore”, diz o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Menezes Evaristo. Segundo dados de satélites coletados pelo Inpe, 80% do desmatamento na Amazônia Legal ocorreu no Mato Grosso em abril, ou seja, 480 quilômetros quadrados.
No vídeo abaixo é possível ver os 120 hectares que dois tratores causaram em Sinop, no Norte do Mato Grosso, em menos de uma semana. Os tratores e a corrente foram descobertos por uma operação do Ibama no domingo. Desde então, fiscais do órgão ambiental, da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal montam guarda no local para evitar que os equipamentos sejam roubados.


O governo embargou a propriedade, chamada Fazenda Santa Maria, e multou seu dono em R$ 600 mil. Ele responderá pelo crime, porque não tinha licença estadual para o desmate.
Durante a visita dos ministros a Sinop ontem, o governador do Estado, Silval Barbosa (PMDB), foi pressionado a decretar o fim do uso do “correntão” no Estado. Isso porque, diferentemente de outros Estados da Amazônia legal, o “correntão” era aceito em áreas legais no Mato Grosso.


Foto: Danilo Fariello, iGAmpliar
Operação encontrou tratores puxando correntão em Sinop (MT), na noite de domingo
O governador anunciou, ainda, que o Estado vai informar ao Banco Central quem são os desmatadores da região, para evitar a concessão de crédito a eles. O governo federal já possui essa política de restringir empréstimos a quem não tenha licenças.
Conflito federativo
O governo federal vê no governo do Estado de Mato Grosso um dos principais desafios para a redução do desmatamento. Há poucos dias, o governo local aprovou sua lei de zoneamento econômico-ecológico, que, segundo o Ministério do Meio Ambiente, impõe riscos à Natureza e alivia o controle sobre o desmate. 
O MMA e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) podem rejeitar o texto que foi aprovado na assembleia matogrossense, por não coincidir com o Marcozoneamento Nacional, publicado no início deste ano por Decreto Presidencial.
Segundo Barbosa, porém, o zoneamento foi extremamente discutido no Estado, em 15 seminários ao longo de 12 anos e ordena bem o território do Estado. “O zoneamento nosso é muito mais restritivo do que o Código Florestal (recém-aprovado).”
Meta é desmatamento zero
Apesar da aceleração dos cortes no Estado, que, apenas em abril, significaram a metade do total do ano passado, segundo Izabella, governos federal e estadual miram o desmatamento zero nos próximos meses, em operação especial que vai durar até o fim de julho. Essa operação vai unir Ibama, PF, Força Nacional, Exército e Polícia Rodoviária.
Apesar do crescimento do desflorestamento na região central de Mato Grosso, a ministra lembra que 62% dos municípios do Estado reduziram seus níveis de desmatamento neste ano e apenas 15% tiveram elevação. “O governo federal vem se unir ao estadual para conquistarmos o desmatamento zero nos próximos meses”, diz Izabella.
* O repórter viajou a convite do Ministério do Meio Ambiente

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