30/09/2011 16:16:10
Sérgio Abranches, do Ecopolítica
Se o Brasil tivesse
boas políticas públicas para qualidade do ar em suas maiores cidades,
economizaria alguns bilhões de dólares gastos pelo sistema de saúde.
Mas, o governo
federal parece que prefere piorar a qualidade do ar, a criar algum problema
para a Petrobrás e o consumo de combustíveis fósseis. Prejudica, inclusive, um
raro desenvolvimento local da indústria automobilística que é o motor flex. O
preço da gasolina está congelado há anos. O diesel está em desobediência a
determinações do Conama, sobre teor de enxofre. Não satisfeito, o governo
reduziu a adição de álcool à gasolina em cinco pontos percentuais. Ainda não
satisfeito, agora diminui a Cide, contribuição que incide sobre combustíveis
fósseis, aumentando o subsídio à energia de alto carbono.
Todas essas
decisões têm impacto direto na qualidade do ar e no aumento do número de
pessoas com doenças pulmonares, cardiovasculares e câncer no pulmão. Aumentam
também os óbitos por essas causas. O custo humano não é calculável. O custo
para a saúde pública é imenso. E ficam reclamando que não há recursos
suficientes para a saúde pública. Entretanto, os governos contribuem para
aumentar esses custos, não para eliminar gastos desnecessários e, ao mesmo
tempo, salvar vidas e aumentar o bem-estar da população.
Como fazer isso?
Com boas políticas públicas, para reduzir os acidentes de trânsito, melhorar a
qualidade do ar, estimulando o uso de combustível menos danoso à saúde,
retirando subsídios à economia fóssil, melhorando os transportes públicos,
principalmente os veículos elétricos (metrôs, veículos leves sobre trilhos,
tramways – os bondes modernos – e ônibus elétricos), reduzindo os estímulos ao
uso do carro particular para pequenas e médias distâncias.
Como não há
políticas públicas nesse sentido, nenhuma surpresa que a poluição do ar em
nossas maiores regiões metropolitanas esteja muito acima dos limites
considerados toleráveis, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Levantamento
recente da OMS analisou a qualidade do ar em 1.100 cidades de 91 países. Nossos
problemas ficam claros, embora haja quem diga que estamos menos péssimos que
outros países. Nenhuma vantagem. Não ser tão ruim quanto outros, não significa
que estejamos bem. E não estarmos bem é o que importa.
(Ecopolítica)
Fonte:www.mercadoetico.com.br