Comunidades pobres e vulneráveis ao aquecimento global

O Planeta está aquecendo e os efeitos catastróficos que o aumento da temperatura provoca nas dinâmicas naturais já se fazem sentir gravemente em várias partes do mundo.

Comunidades rurais pobres na America Latina, África, Ásia não mais conseguem subsistir dos frutos do seu trabalho. Perdem suas colheitas e seus animais para as secas prolongadas ou para o excesso de chuvas, suas casas para a força dos ventos, seus filhos e velhos para as doenças de veiculação hídrica.

Sem condições de buscar formas de adaptação, migram em busca de terras mais férteis, menos alteradas. Assim, de lugar em lugar, estas comunidades transformam-se em refugiados do clima.



Nas periferias dos centros urbanos, milhões de pessoas vivem nos países pobres e em desenvolvimento, em áreas de alta vulnerabilidade ambiental como encostas de morro, áreas de várzea de rios, beira mar.

A cada ano, as chuvas chegam mais cedo, de forma torrencial e se prolongam por muitos dias, levando consigo as casas, os pequenos negócios, as escolas. Os ciclones e tornados deixam seu rastro de destruição em regiões por onde nunca haviam passado, ceifando vidas, sonhos, esperanças.

Chefes de estado, cientistas e ativistas reunidos na COP 15 discutem a mitigação da emissão dos Gases de Efeito Estufa e desenham acordos globais.

Sabendo da inexorabilidade do Aquecimento Global, discutem metas para manter a elevação de temperatura sob controle, mecanismos de financiamento e políticas de adaptação.

É urgente pensar em como os seres humanos vão adaptar suas estruturas físicas, seu modo de produção, de locomoção, seu modo de viver, às novas condições climáticas.



Países ricos já se preparam para enfrentar a subida do nível dos mares e os fenômenos extremos.

Centros de pesquisa trabalham febrilmente buscando sementes mais resistentes à seca e ao calor em busca da adaptação genética das culturas agrícolas para garantir a segurança alimentar da população mundial.

Empresas da área farmacêutica já se preparam para produção de remédios capazes de enfrentar o reaparecimento de doenças consideradas extintas e a propagação de doenças tropicais em países de clima temperado.

No entanto, nos países pobres e nos emergentes a questão da adaptação pouco ou quase nada se tem discutido a respeito dos efeitos das mudanças em comunidades de baixa renda que vivem em áreas rurais, urbanas e periurbanas.

Ecoar na COP15

Nós do ECOAR e da Universidade de York (Canadá) entendemos que é uma questão de justiça climática inserir as comunidades afetadas nesta discussão. Prover-lhes assistência técnica e financeira é uma questão de direitos humanos e de ética, e para isso, em Copenhagen, durante a COP 15, será anunciada a criação do portal Justiça Climática Global - Para as Comunidades Pobres e Vulneráveis, com o objetivo de colocar o tema na agenda global, influenciar políticas de mitigação e adaptação no âmbito das convenções e acordos internacionais, regionais e/ou nacionais, e pleitear a destinação de recursos diretos dos fundos de adaptação para as comunidades pobres em todo mundo.Queremos influenciar financiadores, formadores de opinião e mídia para esta causa , sensibilizar a comunidade internacional sobre a ausência de políticas efetivas e fundos expressivos para adaptação das comunidades mais vulneráveis, e para as dramáticas conseqüências das mudanças climáticas em países pobres e em regiões pobres de países em desenvolvimento.

O portal Justiça Climática Global servirá de ferramenta para socializar pesquisas e estudos de vulnerabilidade em cada país; disponibilizar conhecimentos científicos e tradicionais que possam contribuir para a adaptação das comunidades, seja no âmbito do combate à seca e à desertificação, na construção de moradias mais resistentes, no incremento da resiliência do território afetado, no combate às doenças de veiculação hídrica.

Precisamos conhecer e socializar experiências exitosas em todo mundo, casos onde a junção de esforços das comunidades com movimentos sociais, ONGs, pesquisadores independentes, universidades, empresas e governos locais, tem possibilitado a permanência das comunidades em suas áreas de origem, melhorando substancialmente a qualidade ambiental do território e de vida das pessoas.

Ao mesmo tempo em que se adaptam a nova realidade climática, estas comunidades tem dado mostras de que também podem dar uma contribuição efetiva à mitigação das emissões, seja pela adoção de praticas agroecológicas de produção, seja pela produção limpa de energia por meio de aquecedores solares de baixo custo, produção de energia com a utilização de dejetos animais e assim por diante.

O portal ainda possibilitará a construção de um fórum virtual para troca destas experiências, um ambiente virtual onde comunidades, movimentos sociais, ONGs possam publicar seus projetos, aprimorá-los, interconectá-los em rede; onde especialistas possa disponibilizar seus estudos e as novidades cientificas e tecnológicas, onde o saber das populações tradicionais possam ser reavivados, relembrados, ajudando comunidades a se readequarem aos ciclos da natureza; um espaço onde empresas, fundos e pessoas físicas que se preocupam com as comunidades pobres possam conhecer suas dificuldades e as iniciativas em curso e contribuir diretamente com elas, sem a inútil e demorada burocracia que assola os sistemas regulares de financiamento.

O Instituto Ecoar estará apresentado o portal Justiça Climática Global no espaço de exposições do Bella Center, sede oficial da COP 15 em Copenhagen, de 12 a 18 de dezembro.

Estaremos, também, apresentando e debatendo o projeto em diversos eventos paralelos, no Bella Center, no KlimaForum e em outros espaços da cidade. 

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