Promover Educação Ambiental no Lar

O desafio de promover a Educação Ambiental no lar
Escrito por Rosi Cheque
Neste artigo, a gestora ambiental Caroline C. Sanches aborda o desafio da promoção da Educação Ambiental (EA) no ambiente doméstico e apresenta ações cotidianas que fazem diferença em âmbito local e consequentemente global. Dentre os desafios, segundo a gestora, está tanto a dificuldade que temos de renunciar a certas conveniências quanto às facilidades que este velho modelo de vida nos oferece. A falta de interiorização de valores que, de fato, transformam a conduta e as ações das pessoas é apontada, também, como um dos grandes desafios.

“A educação é um processo social, é desenvolvimento.
Não é a preparação para a vida, é a própria vida”
John Dewey



Quando se fala em questões ambientais (mudanças climáticas, salinização, desmatamentos, poluição dos solos, rios e mares, dentre outros) nem sequer fazemos ideia de que muitos desses problemas podem ser amenizados com pequenas ações dentro de nossas casas, iniciando por repensar conceito e rever comportamentos, seguido de ações de boas práticas onde cada membro da família trabalhe em prol da conservação dos recursos naturais do planeta Terra.

A Educação Ambiental (EA) nasceu da necessidade de criar condutas e ferramentas com finalidade de promover e ampliar a conservação dos recursos ambientais assegurando e realizando a manutenção da qualidade ambiental garantindo, assim, a qualidade de vida dos seres vivos e das presentes e futuras gerações.

O grande desafio está em desenvolver e interiorizar a consciência ambiental no cidadão, estimulando a transformação comportamental e valores conservacionistas através da sensibilização para, então, gerar possíveis soluções e contribuições no sentido de amenizar ou reduzir os impactos negativos sobre o meio ambiente, conforme o papel da EA na sociedade resolução 88/C 177 (03).

A meu ver, um dos segredos é também gerar ações focadas como, por exemplo, atuar inicialmente no lar e com pessoas de nossa convivência como parentes e amigos. Podemos abordar temos comuns como lixo, água, energia e consumo sustentável tomando como ponto de partida uma conta de luz, de água ou até mesmo a partir do que é comprado no supermercado ou na feira.

A partir daí, segue-se para a etapa da sensibilização por meio da transmissão de informações sobre o panorama da situação do lixo no Brasil e no mundo e ligar com as ações cotidianas, seguida da abordagem de demais temas como água e energia.

Estudos científicos comprovam que um dos grandes vilões do meio ambiente é a demasiada geração de resíduos. No Brasil, IBGE -2000, são gerados 140.281 toneladas por dia. O resíduo domiciliar está diretamente ligado ao consumo desenfreado de bens e serviços acarretando demanda excessiva de água e energia.

A pergunta é: O que eu, enquanto cidadão, posso fazer para contribuir positivamente e, assim, diminuir a quantidade de lixo, o consumo excessivo de água e energia seja na minha casa, no meu bairro ou na cidade? Se houvesse uma resposta exata, certamente, muitos estudiosos, pesquisadores e educadores já a teria colocado em prática. Sobretudo, há alguns caminhos como um conjunto de ações sustentáveis.

Como podemos poupar energia em casa? Reduzindo o tempo de banho, mantendo eletrodomésticos ligados apenas quando em uso, filtrando as roupas que não necessitam passar, adquirindo bens econômicos no consumo de energia, utilizando lâmpadas econômicas, racionado o uso de máquina de lavar, fazendo uso de energia por meio de aquecimento solar, otimizando a abertura da porta de geladeira, etc.

Para poupar água em casa é necessário adquirir aparelhos hidráulicos e válvulas que controlam a saída de água em cozinha, banheiros e lavanderia. Ainda, racionar a água ao lavar louças, abrindo a torneira somente quando for preciso; aplicar captação de água de chuva para descargas, lavagem de roupas e de quintal.

Em relação ao consumo de mantimentos, roupas, dentre outros, podemos consumir alimentos mais saudáveis (sem uso de agrotóxico), gêneros integrais, verduras e hortaliças orgânicos ou de agricultura familiar; reduzir o consumo de carnes, aves e produtos enlatados; evitar o uso de sacolas plásticas, preferindo sacolas retornáveis ou caixas de papelão que são recicláveis.

É preciso também muita atenção ao descarte de pilhas e de produtos que contém metais. Separar o óleo de cozinha, pois hoje há postos de coletas destes materiais. Verificar a procedência do produto, ou do bem material (para saber se é manufaturado ou falsificado, principalmente produtos que estimulam a mão de obra barata escrava e ilegal) é uma excelente ação em prol de um ambiente mais sadio. Também, ao decidir comprar um produto é imprescindível avaliar qual a real necessidade de sua aquisição e se este realmente será aproveitado no dia a dia.

Separar materiais recicláveis como papel e papelão, vidro e plástico também é uma ação que grande contribuição traz para a conservação do meio ambiente.

Com certeza, ao tentar incorporar essas ações no seu lar, você encontrará muitos obstáculos. Um deles é a falta de conhecimentos e informações, que formam a consciência ambiental no cidadão. Ainda, resistência à mudança de comportamento no momento em que se descobre a gravidade da problemática ambiental no mundo atual. Outra dificuldade é a luta para rejeitar os conceitos e valores impostos pela mídia que nos assombram com a ideia de que temos de ganhar muito dinheiro para comprar, por exemplo, o novo modelo de celular que acabou de ser lançado ou uma nova bicicleta para sua filha ou até mesmo uma nova boneca, pois a amiguinha de sua filha ganhou o modelo novo da Barbie.

Há diversos conflitos de opiniões relacionados aos temas abordados. A exemplo, a dificuldade que temos de renunciar a certas conveniências e facilidades que este velho modelo de vida nos oferece e a falta de interiorização de valores que transformam a conduta e ações das pessoas. Mas todos esses obstáculos são derrotados quando usamos de muita dedicação, persistência e criatividade ao promover a sensibilização.

Essencialmente, quando revelamos a grande importância da repercussão, a nível planetário, de nossas pequenas ações e, então, todos passam a ficar satisfeito com o resultado. A compreensão de que o planeta é um grande ecossistema e tudo nele está interagindo – todos os elementos, a estratosfera, biosfera, litosfera, ou seja, a água, terra, os metais e os seres vivos – ajuda nas ações conservacionistas diárias.

Logo, podemos observar que cuidar do meio ambiente é cuidar de nós mesmos e de nossa casa e fazer Educação Ambiental no nosso lar, ao tempo em que é desafiante, é prazeroso. Temos de ter ciência de que as mudanças demoram a acontecer, mas elas acontecem. Não devemos nos esquecer que a EA é algo cotidiana que deve permear as nossas ações diariamente seja em casa, seja no ônibus e metrô, seja com um animal, uma árvore, a água, etc.

Por fim, devemos ter cuidado com tudo aquilo que nós consumimos e produzimos, devemos ter cuidado com tudo aquilo que nós usamos e descartamos. Uma ação em nossa casa indubitavelmente terá fortes consequências em nosso vizinho. Todos nós precisamos dos recursos naturais para continuar a existir, então, sejamos nós mesmos a mudança que esperamos ver no mundo.
Fonte: http://www.rebea.org.br/eco-jornal/40-eco-jornal/273-o-desafio-de-promover-a-educacao-ambiental-no-lar

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