Especial: Dia do Índio

Thaís Teisen, do CicloVivo Desde 1943 o dia 19 de abril é conhecido como o Dia do Índio. A data instituída no Brasil pelo então presidente Getúlio Vargas, também é comemorada em outros países da América Latina em comemoração à primeira participação dos representantes indígenas nas importantes decisões e reuniões. A data, no entanto, deve ser mais do que uma simples comemoração ou um dia reservado para o povo indígena, que habitava as terras brasileiras antes mesmo da chegada dos colonizadores portugueses ao Brasil ou de sermos considerados um país. O dia 19 de abril deve ser usado para reflexão, tanto no que diz respeito aos direitos que os índios merecem, mas também para que o exemplo de cuidado ambiental dado por eles seja lembrado por todos nós. Ao longo dos 512 anos, desde o primeiro contato desse povo com o “homem branco”, muitas coisas mudaram no modo de vida do povo indígena. A começar pelas doenças trazidas pelos colonizadores e que dizimaram inúmeras tribos espalhadas pelo Brasil. Depois veio a quase escravidão a que os índios foram submetidos e outro problema que vem se arrastando até os dias de hoje é a falta de cuidado com a natureza, que é tida como santidade por esse povo que ama a Terra e faz de tudo para mantê-la preservada. O cenário ocorrido no contexto histórico brasileiro não é exclusivo das terras “tupiniquins”, nome que assim como tantos outros inseridos em nossa cultura tem origem indígena e é usado para caracterizar o Brasil. Mas, ocorreu em boa parte das Américas. Um dos episódios mais famosos e que demonstram perfeitamente essa situação ocorreu em 1855 nos Estados Unidos, quando o Governo insinuou que pretendia comprar uma porção de terras habitada pela tribo Suquamish, no estado de Washington. Na ocasião, o cacique Seattle enviou uma carta aos representantes oficiais do governo, que se lida ainda hoje traz conceitos que se encaixariam perfeitamente em nossa realidade e ainda nos faz pensar sobre o impacto e maneira como tratamos a terra. O início da carta diz: “Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo”. Em outro trecho ele ainda prevê como deve ser o futuro do “homem branco” caso os danos causados à terra continuem a se proliferar. “Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos.
Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus às andorinhas da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência”. A carta se torna contemporânea e útil para trazer a todos a reflexão sobre os impactos que essa geração pretende deixar no planeta. A luta para combater as mudanças climáticas já começou. Se os resultados e esforços aplicados hoje serão eficientes amanhã, não se sabe e somente o tempo poderá dizer. Porém, admirar o exemplo dado pelos índios e seguir, pelo menos, parte da filosofia e cuidado que eles têm como uma das nossas maiores riquezas que é a natureza é essencial para transformamos o nosso presente e sonharmos como um futuro melhor. (CicloVivo)

Fonte: Mercado Ético

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