Fórum mostra as grandes oportunidades da Logística Reversa


Evento que terminou ontem em São Paulo revelou que o custo das cadeias reversas ainda é a grande dificuldade para o cumprimento da PNRS


A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) acendeu uma luz sobre o setor de Logística Reversa e motivou os segmentos que ainda não haviam se mobilizado a pensar suas políticas de retorno de resíduos. Mas, apesar do crescente interesse, as empresas e entidades ainda enfrentam vários desafios, sendo os principais deles o custo das cadeias reversas, a definição de quem arca com este custo e as barreiras burocráticas e fiscais às atividades.

Esta é a principal conclusão do III Fórum de Logística Reversa, evento promovido pela Publicare Eventos e pelo Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB), realizado nos dias 13 e 14 últimos, em São Paulo. O Fórum contou com a participação de grandes empresas e entidades setoriais que vieram mostrar sua experiência e soluções voltadas à LR, muitas das quais demonstram que as companhias começam a perceber que a Logística Reversa pode se transformar de fator de custo em oportunidade de lucro e de reforço à imagem da marca.
É o caso de empresas como O Avestruz, criado pela Reversa Soluções Logísticas, do Grupo TPC, com o intuito de vender via web produtos que retornam do e-commerce e que, pelas vias normais, seriam sucateados ou vendidos em saldões por valores muito inferiores. O Avestruz consegue levar estes produtos – a maioria deles sem nenhuma avaria – de volta ao mercado por um valor atraente tanto para o consumidor quanto para o fabricante.
É o caso também da PontoNet, empresa de soluções de pós-vendas que, através de parceria com os Correios, conseguiu baixar seu tempo de atendimento de 30 para três dias, com eficiência de entrega de 97% da primeira tentativa.
Outra que vem mudando a percepção sobre os itens retornados é a TGestiona, empresa do Grupo Telefonica, que vem incrementado as atividades de recuperação de ativos e conseguindo revertê-los em resultados que ajudam a baixar os custos da Logística Reversa.
Da mesma forma, a fabricante de motores Cummins vem apostando no negócio de remanufatura de motores, oferecendo aos clientes a troca de seu motor usado por um remanufaturado por até 40% do valor de um novo, com as mesmas garantias. Além do aspecto financeiro, a atividade de remanufatura tem forte apelo ecológico, pois consome até 85% menos energia em comparação à produção de um motor novo e ainda retira do mercado motores que poderiam ser descartados incorretamente ou rodariam com alto índice de emissões.
Desafios 
Mas se alguns já têm conseguido obter bons resultados com a Logística Reversa, outros ainda enfrentam grandes desafios. Com a promulgação da PNRS, os setores-alvo se organizam para criar suas propostas de acordos setoriais para o retorno e descarte dos resíduos gerados por suas cadeias.
É o caso do setor de vidro, representado no Fórum pela Abividro – Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro. Apesar de ser 100% reaproveitável, já que 1kg de resíduos se tranformam novamente em 1kg do produto, o vidro enfrenta desafios como o baixo índice de retorno, o baixo valor agregado e a coleta difícil e cara. Outra dificuldade enfrentada pelo setor é o envase ilegal. A Abividro calcula que, hoje, 30% dos envases de bebidas alcoólicas sejam ilegais.
Desafio ainda maior encara o setor de lâmpadas mercuriais, que são consideradas cargas perigosas por conter mercúrio, o que dificulta a organização da cadeia reversa. De acordo com a Apliquim, empresa voltada à descontaminação de lâmpadas com recuperação do mercúrio, a LR representa cerca de 40% dos custos da lâmpada. E, apesar do consumo desse produto no Brasil alcançar a marca de 290 milhões de unidades em 2012, somente retornam cerca de 14 milhões, sendo que apenas entre 4% e 5% são destinados corretamente.
O III Fórum de Logística Reversa demonstrou que, apesar das dificuldades e desafios, o tema do retorno e descarte de produtos, seja pós-venda ou pós-consumo, e da Logística Reversa nas várias cadeias veio para ficar e que as empresas estão seriamente empenhadas em viabilizar suas cadeias reversas. Exemplo da importância do tema é o Banco Santander, que divulgou no Fórum linhas de crédito específicas para projetos voltados à sustentabilidade.
Enfim, o Fórum foi uma excelente oportunidade de troca de informações, de benchmark e de formação de redes de relacionamento entre os participantes, fundamental num momento em que praticamente todos os setores da economia brasileira se veem envolvidos com as questões de retorno de resíduos.
Veja cobertura completa do III Fórum de Logística Reversa da edição de julho da Revista Tecnologística

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