Jéssica Lipinski, do Instituto CarbonoBrasil
Atualmente, estima-se que existam no mundo cerca de seis mil cidades abandonadas, seja por motivos econômicos, sociais ou naturais. Muitas vezes, essas cidades, apesar de não terem mais condições de oferecer serviços para habitantes, continuam a ser um fardo para os cofres públicos, exigindo certos investimentos que não dão retorno.
E se pudéssemos de alguma forma recuperar essas cidades e torná-las novamente habitáveis, e ainda por cima de modo sustentável? Pois é essa a proposta da simulação ‘Cidades Sustentáveis – O Jogo da Socioecoeficiência’, criada pela Fundação Espaço ECO (FEE), organização sem fins lucrativos instituída pela BASF.
O jogo é uma ferramenta com propósito educativo que tem como objetivo fazer com que os participantes entendam, de forma prática, conceitos como sustentabilidade e socioecoeficiência, refletindo sobre a relação entre estes e suas atitudes do dia a dia.
A simulação, que tem cerca de duas horas de duração, funciona da seguinte maneira: os até seis jogadores formam uma equipe ao redor do tabuleiro que trabalhará para recuperar uma das cidades escolhidas – Hashima (Japão), Balestrino (Itália) e São João Marcos (Brasil) – através de diversas etapas.
A primeira etapa é, através das informações fornecidas, avaliar quais foram as principais causas do abandono da cidade. Se os participantes souberem analisar bem a situação, passam para a segunda fase, na qual são apresentadas diversas opções para recuperar a cidade e torná-la novamente habitável.
Se souberem eleger bem as melhores alternativas para recuperar a cidade, os jogadores passam para o próximo nível, que é decidir como cada opção dessa será melhor aplicada na cidade.
Nessa etapa, vale examinar como cada alternativa pode ser colocada em prática de forma mais socioecoeficiente: em Hashima, no Japão, por exemplo, cujo abandono foi causado principalmente pelo declínio na exploração de carvão, principal atividade econômica desenvolvida na ilha, uma boa opção é apostar na pluralidade de atividades econômicas, como turismo e pesca, evitando que a habitação da cidade se torne inviável caso uma das atividades econômicas sofra algum tipo de crise.
Se essa fase for concluída com sucesso, os participantes passam para a próxima, que depende um pouco da sorte; é hora de verificar como se desenvolveram as alternativas elencadas por eles.
Caso haja necessidade ou desejo de mudanças, os jogadores podem fazer alterações no tipo de atividades econômicas, geração de energia e opções de abastecimento de água e saneamento básico que escolheram, correndo o risco de melhorar ou piorar a situação.
Ao final, são calculados quantos pontos, de 0 a 100, os participantes fizeram no desenvolvimento socioecoeficiente da cidade. Quanto maior o índice de socioecoeficiência, maior será a longevidade da cidade.
O jogo foi criado a partir da necessidade de se traduzir o conceito de socioecoeficiência para diversos públicos, principalmente o corporativo. Além disso, a FEE acredita que é uma ferramenta que permitirá às empresas aprimorarem a visão de seus modelos de gestão, identificando os impactos da sustentabilidade em seu negócio.
Para Fernando Feitoza, gerente de Educação para a Sustentabilidade da FEE, um aspecto importante do jogo é que ele propõe um pensamento crítico sobre os três pilares da sustentabilidade: a conservação de recursos naturais, os aspectos sociais e o papel econômico. Segundo ele, quando se fala em sustentabilidade, ainda costuma-se associar apenas a conservação dos recursos naturais ao termo.
“Com o jogo, queremos que os participantes reflitam sobre seu cotidiano e como suas decisões podem ser mais conscientes, gerando um aprendizado concreto dessa experiência. Isso pode ser aplicado tanto no ambiente de negócio para aprimorar o processo decisório, como também no dia a dia, por meio da busca por produtos mais sustentáveis, por exemplo”, comentou Feitoza.
Nesta semana, o jogo estará em demonstração para o público empresarial e para a imprensa nas capitais da região Sul (Florianópolis, Curitiba e Porto Alegre). De acordo com os desenvolvedores, primeiramente a ferramenta está sendo disponibilizada apenas conforme a demanda das empresas, pois a fundação ainda não tem condições de aplicá-la em grande escala.
Interessados podem entrar em contato com a FEE pelo site da entidade.
(Instituto CarbonoBrasil)
Fonte: Mercado Ético