O treinamento sobre percepção de riscos é fundamental na prevenção de acidentes
Este artigo sobre o treinamento sobre percepção de riscos tem como objetivo mostrar que nem todo mundo é capaz de perceber o risco. Assim sendo, treinar a percepção dos trabalhadores pode ajudar em muito a prevenção.
Quando escrevi o post Risco e Perigo – Qual a diferença?, procurei colocar os conceitos de risco e perigo que são encontrados em livros. Me abstive de citar exemplos e de me aprofundar mais no assunto. Porém, devido o grande número de visitantes nesse tópico, achei por bem escrever algo mais a respeito.
- Relembrando:
Perigo = “uma condição ou um conjunto de circunstâncias que têm o potencial de causar ou contribuir para uma lesão ou morte” (Sanders e McCormick, 1993, p. 675)
Risco = “é a probabilidade ou chance de lesão ou morte” (Sanders e McCormick, 1993, p. 675).
Simplificando: Risco é a interação entre o perigo e o ser humano (quando se fala de Segurança do Trabalho)
- Definindo Percepção de Risco
“É o ato de tomar contato com um perigo por meio dos sentidos (audição, tato, visão, olfato, paladar) e avaliar a possibilidade de adoecer ou acidentar-se em decorrência da exposição a ele.”
Conceito da COMPORTAMENTO – Psicologia do Trabalho.
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Qualidades do perigo que influenciam a percepção de risco
Riscos aceitáveis:
- Voluntários
- Sob controle
- Claramente benéficos
- Distribuídos de maneira justa
- Naturais
- Estatísticos
- De uma fonte confiável
- Familiares
- Que afetam os adultos
Riscos não aceitáveis:
- Involuntários
- Controlados por outros
- De pouco ou nenhum benefício
- Distribuídos de maneira injusta
- Causados pelo homem
- Catastróficos
- De fontes desconhecidas
- Exóticos
- Que afetam as crianças
Fonte: Fischhoff, et al., 1981
Ao perceber um risco o trabalhador pode assumir duas posturas:
Comportamento de proteção = evita o risco (é uma ameaça)
Comportamento de risco = expõe-se ao risco (desafio, possibilidade ganho)
Comportamento de risco = expõe-se ao risco (desafio, possibilidade ganho)
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Por que alguém se expõe ao risco conscientemente?
A exposição ao risco pode estar ligado à personalidade de cada um. Vejamos os exemplos onde dois garotos da mesma idade ganham uma bicicleta sem as rodinhas de apoio:
- O garoto 1 (vamos chamá-lo de Prevenildo); não quer nem subir na bicicleta; é necessário muita insistência para que ele – com a ajuda dos pais – se convença de que aquela bicicleta não vai derrubá-lo. O “medo” de cair, faz com que ele relute em aceitar a ideia de que andar de bicicleta é seguro.
- O garoto 2 (vamos chamá-lo de Negligente); não vê a hora de subir na bike; se deixar ele já vai tentar se equilibrar sozinho. Com certeza, esse garoto aprenderá a andar de bicicleta muito antes do Prevenildo.
Portanto, podemos notar que a percepção de risco do Negli não é tão apurada e a tendência é que ele consiga aprender a andar de bicicleta muito rápido, mas é certo também, que levará alguns tombos.
O Prev também vai aprender a andar de bicicleta, mas vai demorar muito mais tempo. É óbvio que ele também poderá cair, mas a chance de isso acontecer é bem menor, devido à sua percepção apurada em relação aos riscos que a bicicleta lhe oferece.
Levando esse exemplo para os trabalhadores, fica fácil descobrir o porquê de alguns funcionários parecerem que têm tendência a sofrer acidentes. O fato pode estar escondido em sua própria personalidade. Se expor ao risco é algo que lhe acompanha desde criança e no trabalho não é diferente.
Objetivos do treinamento sobre percepção de riscos
O objetivo principal deve ser o de alertar os funcionários quanto à identificação dos riscos em suas respectivas áreas de trabalho. Outra tarefa desse treinamento é o de relembrar aos trabalhadores de que os riscos estão sempre ligados diretamente às suas atitudes.
É preciso deixar claro que a convivência com o perigo, não significa estar exposto ao risco, mas atitudes tomadas em relação ao perigo é levam o trabalhador a se expor ao risco.
A melhor maneira de se evitar a interação do trabalhador com o perigo, é ter um gerenciamento rigoroso de todos os perigos que eventualmente possam se transformar em risco para os operários. Após a identificação de todos os perigos, ações devem ser tomadas para que estes não se transformem em riscos ou que, pelo menos, as chances de isso acontecer seja reduzido ao máximo.
O treinamento deve incentivar os trabalhadores na identificação dos perigos e possíveis riscos e, para isso, a empresa deve adotar sistemas que possibilitem os trabalhadores informarem os perigos e riscos encontrados em sua área de trabalho.
Conclusão
O treinamento deve dotar os trabalhadores de conhecimentos sobre Perigos e Riscos, de modo que, estando bem orientados e com as ferramentas certas em suas mãos, possam ajudar na prevenção de acidentes.
Com um bom treinamento, certamente os resultados quanto à identificação de perigos que possam gerar possíveis riscos, será um sucesso.
É preciso mostrar aos trabalhadores que o maior beneficiado com esse trabalho é ele mesmo. E assim todos saem ganhando!
Fonte: Tem Segurança