Guia prático de primeiros socorros


Qualquer um pode fazer atendimento de primeiros socorros? Aparentemente, não. Todavia, são básicos os primeiros procedimentos que podem ser aplicados em determinadas situações e, com algumas orientações, é possível fazer algo para ajudar

Diário de Guarapuava Janaina CarvalhoTamanho do Texto: 

A massagem cardiorrespiratória deve ser iniciada assim que verificarmos que a vítima não responde (Foto: Janaina Carvalho/Diário)


Apesar de haver treinamentos básicos de primeiros socorros para ensinar pessoas leigas a tomar atitudes primordiais no salvamento de vidas, pouca gente realmente se preocupa em fazer. Mas de acordo com o coordenador geral do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Guarapuava, Franco Bittencourt, se dermos atenção a algumas dicas, é possível contribuir de fato em um atendimento a vítimas. “Nós orientamos, primeiramente, que em casos de trauma, a pessoa acione o sistema e não mexa na vítima. Porém, com um pouco de conhecimento, é possível ajudar no momento em que a equipe ainda está a caminho. Socorrer um ferido pode fazer uma grande diferença entre a vida e a morte dele”, disse.

Inicialmente, é preciso se aproximar da vítima, observar alguns detalhes importantes e passar, por telefone, o máximo de informações possíveis sobre a pessoa e o acidente, como o que aconteceu, se a vítima está respirando e se está consciente. “Se uma população é bem treinada, a gente consegue adiantar um passo a passo do atendimento e a sobrevida do paciente aumenta muito. Principalmente em casos de parada cardiorrespiratória”, afirmou o coordenador geral do Samu.

Segundo ele, quando o Samu é acionado, o tempo de chegada é de aproximadamente cinco minutos e se nesse tempo a pessoa que solicitou o atendimento estiver massageando a vítima, fazendo a primeira compressão cardíaca, a porcentagem de retorno e sobrevida dessa vítima aumenta muito. “Identificado o quadro de parada cardíaca, se inicia a massagem de compressão cardíaca externa, que é basicamente comprimir o centro do tórax da vítima. Em um paciente adulto considerado acima de 8 anos, se faz com as duas mãos e soltando o peso do seu tórax, comprimindo até 5 cm de profundidade com o ritmo de aproximadamente cem vezes por minuto”, explicou Franco.

Um detalhe importante é que essa massagem cardíaca não deve ser interrompida, ou seja, desde o momento em que a equipe foi acionada até o momento em que chega ao local, é preciso continuar com a compressão, sem interromper. “Existem vários protocolos, mas o protocolo para um leigo, básico, o que se pede é que essa pessoa se aproxime da vítima, verifique se ela responde de forma verbal ou dolorosa, caso contrário, acione o sistema e comece a massagem cardíaca externa sem interromper. Quanto menos interrupção, maior a chance dessa vítima sobreviver”, disse.

Procedimentos para salvar uma vida

De maneira geral, a primeira providência é chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), discando 192, para casos de desmaios, convulsões, luxações e fraturas, intoxicações, cortes ou perfurações. Os Bombeiros também podem ser chamados, discando 193, principalmente quando se tratar de soterramentos.

- Em caso de atropelamento ou trauma

Em casos de trauma podem haver complicações. Em casos de paciente politraumatizado, que foi atropelado, onde a vítima pode ter fraturas não tão estáveis, se o leigo for mexer nessa vítima, muitas vezes pode complicar muito mais do que ajudar, segundo Franco. Por isso, se a vítima acaba de sofrer um trauma e ela está consciente, mas tem um trauma visível, ou uma fratura, é recomendável que se preserve o local e se isole a vítima

“Orientamos que se mantenha a calma da própria vítima até a chagada de uma equipe especializada. A não ser que nos casos clínicos ou casos de trauma seguido de parada cardiorrespiratória. Aí a intervenção de um leigo seria necessária. O procedimento mínimo seria a massagem cardíaca”, afirmou. Isso porque, se a pessoa não responde de forma verbal ou dolorosa, já é considerada em quadro de parada cardiorrespiratória e devemos iniciar a massagem para que não se perca tempo.

- Em caso de corte

Isto está mais relacionado à hemorragia. Geralmente, a população que tem uma noção de primeiros socorros consegue fazer o primeiro atendimento. A contenção de hemorragia é a compressão no local com um tecido, com gazes. “É indicada a compressão local e manter até a chegada da equipe. Lógico que, com tudo isso, entra a segurança de quem está atendendo, não pode também expor um leigo a se contaminar com o sangue tentando salvar uma vítima. Mas, se tiver condição de proteger as mãos com o auxílio de um pano e comprimir o local de sangramento, é um procedimento fácil que se consegue fazer”, disse o coordenador do Samu.

- Em situação de queimadura

“O que a gente orienta é sempre afastar o agente causador, não colocar nada em cima dessa queimadura. Tem muita crendice em cima disso, as pessoas colocam borra de café, pasta de dente, então qualquer coisa que venha a ser colocada em cima de uma ferida de queimadura vai trazer um prejuízo de infecção secundária”, avisou Franco.

Segundo ele, se possível, a pessoa deve reduzir a temperatura do local, ou com água limpa, compressas ou panos limpos que possam proteger aquele local até o atendimento secundário.

Pode-se colocar água em temperatura ambiente desde que essa água seja limpa. Tudo o que possa vir a contaminar aquele local não é aconselhável. “Entre cobrir aquele ferimento com um pano que está sujo e não cobrir é melhor deixar descoberto”, disse.

Além disso, quando se tem alguma queimadura por cima de roupa, é aconselhável não retirar. Isso deve ser feito intrahospitalar.

- Em situação de afogamento por asfixia

Geralmente acontece com crianças, que se afogam com bala ou corpo estranho. Segundo o coordenador do Samu, é orientado que se faça a seguinte manobra: “Para o adulto, cinco compressões rigorosas acima do umbigo do paciente fazendo com que a via aérea, no caso a boca e o nariz, fiquem mais baixos para tentar expelir o objeto”.

No caso de criança, deve-se posicioná-la com a via aérea mais baixa em relação ao corpo, fazendo cinco tapotagens na região do tórax posterior, ou seja, cinco tapinhas nas costas fazendo com que a via aérea fique mais baixa.


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