Bhopal - O pior acidente químico do mundo



O maior desastre químico do mundo:
Na noite entre dois e três de dezembro de 1984, cerca de 40 toneladas de metil isocianato e outros gases letais vazaram da fábrica de agrotóxicos da Union Carbide Corporation, em Bhopal, Índia. Foi o pior desastre químico da história. Estima-se que entre 3,5 e 7,5 mil pessoas morreram em decorrência da exposição direta aos gases, mas o número exato continua incerto, algumas fontes citam mais de 22 mil mortes ao decorrer dos anos seguintes. Infelizmente, a noite do desastre foi apenas o início de uma tragédia, cujos efeitos se estendem até hoje. A Union Carbide, que possuía a fábrica de agrotóxicos na época do vazamento dos gases, abandonou a área, deixando para trás uma grande quantidade de venenos perigosos. Os moradores de Bhopal ficaram com fornecimento de água contaminada e um legado tóxico que ainda hoje causa prejuízos.


Imagem 1: Criança vítima do desastre.

A Union Carbide tentou se livrar da responsabilidade pelas mortes provocadas pelo desastre pagando compensações inadequadas ao Governo da Índia. Hoje, mais de 20 mil pessoas moram na região e uma segunda geração de crianças continua a sofrer os efeitos da herança tóxica deixada pela empresa. Desde então, cerca de 16 mil pessoas morreram e mais de meio milhão ficaram feridas. 


Imagem 2: Vítimas de Bhopal enfileiradas para contagem.


Em 1999, a Union Carbide anunciou sua fusão com a multinacional Dow Chemicals, sediada nos Estados Unidos, criando a segunda maior companhia química do mundo. Ao incorporar a Union Carbide por um total de US$ 9,3 bilhões, a Dow não apenas comprou os bens, mas também a responsabilidade pelo desastre de Bhopal. Enquanto os moradores de Bhopal continuam a sofrer os impactos do desastre de 1984, a responsabilidade legal pelo acidente ainda está sendo julgada pela Justiça norte-americana, uma vez que a Dow se recusa a aceitar o passivo ambiental adquirido na compra da Union Carbide. De acordo com a Dow, a partir da incorporação das duas empresas, a receita anualizada é superior a US$ 24 bilhões. A 
capitalização conjunta de mercado é de aproximadamente US$ 35 bilhões e seus ativos estão avaliados em mais de US$ 30 bilhões. 


O que aconteceu?


Passavam alguns minutos da 1 hora da madrugada da última segunda-feira quando dois funcionários da filial indiana da indústria química Union Carbide, instalada em Bhopal, na paupérrima região central da Índia, puseram-se a trabalhar. Como faziam regularmente a cada seis meses, eles iniciaram a limpeza externa dos três tanques de aço inoxidável onde a empresa estocava sua produção diária de isocianato de metila - composto altamente tóxico utilizado como matéria prima na fabricação de defensivos agrícolas e capaz de, na quantidade estocada na usina, matar tudo o que estivesse vivo em Bhopal.


Imagem 3: Mulher que ficou cega por conta do gás.


Nesse instante um alarme soou, dando sinal de que a válvula de segurança de um dos tanques rompera-se. A pressão estava aumentando no tanque - e o isocianato de metila, ali mantido em forma líquida, ameaçava escapar se o tanque explodisse. Imediatamente um dispositivo automático disparou o antídoto previsto para tais casos: um sistema de aspiração que deveria transferir a substância letal para um depósito de 15 metros de altura onde uma solução neutralizaria seus efeitos danosos para a saúde, antes de liberá-la na forma de gás para a atmosfera. Mas algo de errado se passou. Os funcionários logo perceberam que a substância estava saindo depressa demais e que, apesar da transferência para o depósito neutralizador, a pressão no tanque continuava a aumentar vertiginosamente. A operação transferência falhara.


Em segundos outro alarme ecoou e os funcionários, ao contrário do que estavam acostumados a fazer nos exercícios de prevenção, não ligaram as mangueiras destinadas a esfriar o tanque. Em vez disso, fugiram. Eles sabiam que tinha acabado de se concretizar o que pode acontecer de pior com o isocianato de metila: passar do estado líquido para o estado gasoso, transformando-se num assassino silencioso e devastador. Rapidamente, uma nuvem de gás venenoso surgiu da válvula defeituosa e começou a encobrir a usina. Levada pelas brisas noturnas, em poucos minutos a massa gasosa pairava sobre o território vizinho da fábrica, ocupado pelo bairro Jayaprakash Nagar, um amontoado de quase 2.000 barracos miseráveis. Quando o sol apareceu na segunda-feira, uma área de 40 quilômetros em torno da Union Carbide transformara-se numa letal câmara de gás.


Imagem 4: Bhopal na manhã seguinte ao acidente.


Mais de 40 mil toneladas de isocianato de metila haviam escapado para a atmosfera - e Bhopal, uma cidade histórica de 900.000 habitantes construída no século XI, inscrevera-se como palco da mais devastadora catástrofe já desencadeada por uma substância química em tempos de paz. Em menos de 48 horas, mais de 2.000 pessoas foram mortas por asfixia, a maioria enquanto dormia. Dos 50.000 feridos iniciais, quase a metade ficou cega, com as córneas ulceradas pelo gás.


Este documentário detalha melhor o acontecido:


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