Coletivo de mães se organiza para questionar publicidade infantil


Infância Livre de Consumismo
A discussão sobre os limites da publicidade dirigida às crianças, que está na pauta do Congresso Nacional há uma década, ganhou mais um reforço pró-infância: um grupo de mães se organizou no coletivo Infância Livre de Consumismo (ILC) para debater e estimular a reflexão sobre os limites do discurso publicitário dirigido ao público infantil.

Utilizando amplamente as redes sociais, o grupo se articula para disseminar informações e fomentar reflexão sobre o tema, especialmente no momento em que um dos substitutivos da proposta original de regulamentação, apresentada em 2001, pode voltar à pauta.
Lançado em março, o movimento já reúne mais cerca de quatro mil participantes e conta com o apoio de entidades como Alana, Idec e Aliança pela Infância, além de pesquisadores do tema, como Telma Vinha, Edgard Rebouças, Venício Lima e Lalo Leal.
O ILC defende uma regulamentação mais clara e que limite a propaganda dirigida às crianças, seja ela de produtos infantis ou de produtos para adultos. Atualmente, a publicidade infantil é submetida apenas à autorregulamentação publicitária, como qualquer outra peça.
Consumo Consciente
Para o grupo, a publicidade infantil é inadequada para as crianças, que, ainda em fase de formação, não têm condições de lidar de forma autônoma e racional com o conteúdo publicitário. “Devido às características de desenvolvimento, as crianças não são capazes de compreender a complexidade envolvida nas decisões de consumo”, explica Telma Pileggi Vinha, professora da Unicamp, doutora na área de psicologia, desenvolvimento e educação e apoiadora do ILC.
O coletivo pondera também que a publicidade infantil vai na contra-mão do consumo consciente, que é o que se espera das próximas gerações em um momento em que, pela primeira vez na História, é preciso questionar a maneira como o ser humano produz e consome. O ideal é, portanto, formar cidadãos aptos para a sustentabilidade ao invés de pequenos consumistas.
A Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) vem reagindo às investidas da sociedade civil por uma legislação mais severa e restritiva à publicidade infantil. Desde que o primeiro projeto de lei nesse sentido foi proposto em 2001, pelo então deputado federal Luiz Carlos Hauly, do PSDB, a entidade se posicionou contrária à regulamentação e favorável à autorregulamentação, já em vigor.
Este ano, a associação lançou a campanha Somos Todos Responsáveis, sugerindo que, se o consumo infantil é preocupante, os principais responsáveis são os pais, que não limitam a exposição dos filhos à mídia ou que cedem a seus pedidos.
“Por mais informadas e conscientes que sejam as famílias, os pais não têm como combater um discurso mágico e atraente feito por adultos pertencentes a grandes e poderosos conglomerados empresariais, com alto poder econômico, que detêm pesquisas psicossociais, de mercado e até mesmo neurológicas. Nesta relação, fica patente a vulnerabilidade das famílias, da comunidade e da própria criança diante do discurso mercadológico”, avalia Mariana Machado de Sá, publicitária e mestre em Políticas Públicas, uma das fundadoras do ILC.
(Infância Livre de Consumismo)
Mercado Ético

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