Área queimada no Taim/RS já ultrapassa 700 hectares


Data: 28/03/2013 / Fonte: Zero Hora

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) já estuda uma alternativa para tentar conter o incêndio que avança sobre a reserva do Taim, no sul do RS. Segundo o chefe da Estação Ecológica, Henrique Ilha, é possível que as equipes de combate ao fogo formem uma espécie de barreira de contenção na vegetação.

Sem previsão de ocorrência de chuva nesta quinta-feira e na sexta, a área verde pode ter uma faixa ameaçada pelas chamas queimada propositalmente, caso o fogo continue a se alastrar em direção ao Norte, explica Ilha.

- Sem material para consumir, o fogo morre naturalmente. Colocaríamos equipes para resfriar essa faixa e tentar controlar o avanço (do fogo). Mas tudo depende das condições do terreno, e somente um novo sobrevoo à região pode definir a área queimada (já ultrapassa os 700 hectares) - diz Ilha.

O instituto responsável pela reserva iniciou os trabalhos de mobilização das equipes no início da manhã desta quinta. Bombas de água e dois aviões agrícolas com 600 litros começam a ser carregados para reiniciar o combate ao incêndio pelo ar. 

Outras duas aeronaves com capacidade para 2 mil litros trazidas da Bahia devem auxiliar a operação ainda nesta manhã. O deslocamento foi prejudicado na quarta-feira devido ao mau tempo no nordeste brasileiro.

Danos ambientais

O biólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) David Marques afirma que ainda não há como fazer uma estimativa precisa dos danos ambientais. Mas ele acredita que, entre a fauna, as vítimas sob maior risco são pequenos animais com maior dificuldade de locomoção. 

A vegetação típica do banhado, formada em grande parte por um tipo de palha, seria capaz de se recuperar em poucas semanas. 

- O fogo não mata o caule subterrâneo da vegetação. Ele logo emite novas folhas, com um crescimento fantástico. Em um mês, é possível ver o verde de novo - afirma Marques.

O que é a Reserva do Taim

Criada por decreto em 1986, a Estação Ecológica do Taim (ESEC Taim) é considerada hoje pelo Ministério do Meio Ambiente uma das maiores e mais importantes reservas ecológicas do país. 

Compreendendo partes dos municípios de Rio Grande e de Santa Vitória do Palmar, entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico, o Taim tem uma área total de 32.038 hectares.

A reserva é casa de pelo menos 30 espécies diferentes de mamíferos e 250 aves, onde destacam-se animais como biguá, tarrã, maçarico-do-banhado, garça-moura, cabeça-seca, socozinho, gavião-chimango, martim-pescador, cisne-de-pescoço-preto, coscoroba, marrecão-da-Patagônia, marreco-piadeira.

Entre os bichos de maior porte estão: capivara, ratão-do-banhado, cachorro do mato, lontra, tuco-tuco, jacaré-de-papo-amarelo.

A administração da estação está atualmente a cargo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente.

Reserva já sofreu dois incêndios

Desde que foi criada por decreto, há 27 anos, essa é a terceira vez que a Estação Ecológica do Taim (ESEC Taim) é atingida pelo fogo. O primeiro incêndio ocorreu em 1994, quando cerca de 2 mil hectares foram consumidos pelas chamas. 

Apesar da grande área devastada, pouco tempo depois tanto vegetação quanto fauna conseguiram se recuperar. 

Mais de uma década depois, em 2008, a região foi atingida novamente pelas chamas, no que se configurou o maior desastre da reserva. O fogo, que iniciou no dia 28 de janeiro daquele ano, consumiu mais de 10% da área total do Taim durante 5 dias, quando finalmente foi controlado. 

A suspeita, nunca comprovada, foi de que um andarilho, encontrado dias depois na região, teria começado o fogo ao jogar um cigarro acesso no solo da reserva.

Na ocasião, 4.760 hectares ficaram devastados pelo fogo, colocando em risco uma das mais importantes áreas de proteção ambiental do país. 

Foi necessário o trabalho de centenas de pessoas, entre elas o Exército, a Aeronáutica e o Corpo de Bombeiros e voluntários, para controlar o incêndio. 

Foto: Divulgação - ICMBio

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