FERNANDA KALENA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Reduzir enchentes e
alagamentos, evitar uma maior poluição dos rios e galerias de água e facilitar
o trabalho de limpeza das bocas de lobo. Estas são as promessas de um projeto
de bueiros sustentáveis testados em São Paulo.
Ao todo, 400 bocas de lobo da cidade receberam um cesto plástico.
Acoplado ao bueiro, ele funciona como um filtro: permite que a água escoe, mas
os resíduos não.
Para Carlos Chiaradia, diretor da Ecco Sustentável, empresa que
desenvolveu o cesto, a prefeitura não tinha uma solução para o lixo que ia
parar nos bueiros. "Com esse sistema, além de não poluir os rios, fica
mais fácil reciclar o material recolhido."
Segundo ele, o filtro também facilita a limpeza do bueiro, já que o
processo de retirar o cesto e colocá-lo de volta não leva mais de cinco
minutos.
RESTRIÇÕES
De acordo com o supervisor de serviços complementares da Inova -um dos
consórcios que estão realizando o teste-, Arthur Bevilacqua, nem todos os
bueiros têm condições de receber o filtro.
"Alguns fatores restringem a efetividade [do cesto], como a
variação de tamanho dos bueiros, tubulações de gás ou mesmo de água e também as
condições de pavimentação das vias", explica.
Segundo estimativa da empresa, que cuida da limpeza da região noroeste
de São Paulo, existem cerca de 180 mil bocas de lobo nessa área, mas apenas
5.000 teriam condições de hospedar o filtro.
As áreas que receberam os cestos foram escolhidas de maneira que o teste
contemple adversidades diferentes.
Na região dos Jardins (zona oeste), o cruzamento das ruas Augusta e
Estados Unidos foi selecionado por ser bastante arborizado -assim, é possível
descobrir se as folhas são capazes de obstruir o filtro.
Para testar a efetividade do cesto em áreas que costumam acumular um
grande volume de lixo, foram escolhidas vias de Santo Amaro (zona sul), da Vila
Leopoldina (zona oeste) e do Bom Retiro (centro).
O investimento no teste é estimado em R$ 40 mil.
EMERGENCIAL
Para o professor Paulo Pellegrino, da FAU (Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo) da USP, a medida é emergencial e não uma "solução mágica"
para o problema de entupimento dos bueiros.
"É o que pode ser feito agora. Se funcionar vai ser muito bom para
a cidade, mas depende de uma manutenção eficiente para que não se transforme em
outro problema."
A Ecco Sustentável diz que, em uma segunda etapa, serão acoplados aos
cestos sensores que emitirão um sinal de alerta quando o filtro atingir 80% da
capacidade.
Juntos, os dois consórcios responsáveis pela limpeza urbana de São
Paulo, Soma (Soluções em Meio Ambiente) e Inova (Gestão de Serviços Urbanos),
recebem cerca de R$ 63 milhões ao mês e têm autonomia para escolher e testar
projetos de limpeza urbana.
Fonte:Folha de São Paulo